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Mostrando postagens de novembro, 2012

Nascemos vazios

        Nascemos incolores, bissexuais, ateus, apolíticos e apátridas. Ainda cedo começa a guerra. Já saímos da maternidade com um laço de fita grudado na careca, ou um crucifixo no pescoço, ou sapatinhos com o escudo do time do pai, ou enrolado num cueiro  estampado com a bandeira do país ou  o símbolo do partido, escola de samba e outras bizarrices.  No pulso direito o nome da mãe e o número do cartão de nascimento com peso, tamanho e cor da pele: preto, branco ou pardo. Pardo... Sempre me intrigou se nesse pardo está incluído o amarelo, bege, marrom, rosado, vermelho, moreno jambo, bronze, gelo. Se assim for acredito ser a humanidade 99,99% parda. E olha que nem fomos agraciados com as matizes multicoloridas dos cães e gatos. Imagino que a história da humanidade seria bem diversa desta.         Mas voltemos ao vazio. Com o bombardeio social passamos a seguir dogmas inexplicáveis, cultivamos misteriosos valores, herdamos ódios travestidos de tradição, abraçamos ideologias alhei