Notícias do limbo
Querido amor, Trago notícias do limbo. Aqui não faz sol e nem chuva, frio ou calor. Os dias são iguais às noites assim como estas letras simétricas. Peço, desde já, desculpas pela forma sonolenta do relato, mas outra forma não haveria como chegar aos teus olhos, quiçá ao coração. Gostaria imensamente que recebesse esta cheia de descobertas e felizes encontros, flores na estrada e temperaturas inusitadas. Quero que saiba que jamais te escreveria à toa se, realmente, não estivesse esta pobre alma perdida entre um parágrafo e outro. Ciente e arrependida de meus crimes cumpro abnegada minha pena. Conto os dias com riscos na parede e, ao mirar o mural de retalhos, desespero-me com o tempo esquartejado e jamais recuperável. Daqui do limbo contemplo o infinito do que não fiz, do que não comi e, principalmente, do que não fui. Faz parte da pena a turbulência dos próprios pensamentos e o silêncio do futuro. Quanto tempo mais ficarei por aqui? Com certeza o meu nobre anjo está a perguntar. É nec