A felicidade é um bloquinho de batalha naval
De todas as cenas exaustivamente exibidas do ataque aos EUA em 11/09/01, a que mais me impressiona é a cara de paisagem do presidente Bush ao receber a notícia através de um singelo cochicho de um assessor quando visitava uma creche americana. Fiquei intrigada e a curiosidade vem me consumindo os neurônios nos últimos nove anos. Sobre efeito de que droga ele estaria para fazer aquela cara? Se ele tivesse cheirado nuvens é certo que daria um pulo da cadeira. Se um tapa num baseado fosse sua opção, desconfio de que um longo bocejo seria uma reação esperada. Já se estivesse bêbado a gargalhada seria inevitável. Analisei várias possibilidades toxicológicas e o enigma só se avolumou. Nada se adequava àquela expressão.
Uma grande amiga, usuária fiel de fluoxetina, a pílula da felicidade, contou-me ter sido demitida sumariamente após vinte e cinco anos de trabalho na mesma empresa como quem relata a visita à padaria para comprar pão francês. Outro usuário, ao receber a notícia de que o melhor amigo do filho havia depositado um tiro na própria cabeça, falou para o adolescente que isso acontece, suicídio é natural, é até a favor, ofereceu um sanduiche de presunto para comemorar. Emoção zero, preocupação, amor, raiva, felicidade, ira, alívio, medo, nada, nadinha de nada. Uma aberração.
Aí tudo se iluminou. O homem dos esteites estava chapado de fluoxetina. A pílula mágica transformou quase três mil vidas numa bola desenhada com esferográfica num bloco de batalha naval.
E se o Cara estivesse sóbrio? Talvez não existisse mais muçulmanos ou americanos ou planeta Terra ou jujuba cor de rosa.
Talvez.
Nunca saberemos.
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Simone