O mar de Beth

Cada um que chegava, batia seu ponto e sentava imediatamente à bancada de trabalho. Com o consumo das horas, o falatório aumentava cada vez mais. Beth não se estressava, nascera para o SAC. Atendia cada consumidor como um destemido salva-vidas. Lançava-se em ondas gigantescas para resgatar um direito perdido ou uma informação afogada. Sabia ouvir o desespero sem perder o controle da maré. E ainda guardava fôlego para, ao final, reanimar o cliente com massagens no ego e soluções salvadoras. Nunca perdera uma vida, isto é, um cliente. Tal qual heroina de guerra, mantinha as inúmeras condecorações penduradas no lado esquerdo do peito. Em sua primeira ligação do dia, sentiu a maresia gelada do outro lado da linha: - Bom dia? Só se for prá você!! Quero encerrar a minha conta agora e não aceito argumentações. Não ouse desligar ou transferir esta ligação para o setor X, Y ou Z, pois anotei seu nome, cara Beth! Fui claro? - Muito claro, senhor. O senhor gostaria d...