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Mostrando postagens de setembro, 2009

Onze a nove

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Primeiro a rainha do oriente derrubou a primeira torre. Sem defesa, o rei viajandão do novo mundo viu sua segunda torre ruir sobre um exército de peões aturdidos. Sua rainha descansava e nada sentiu. Os bispos postaram-se silenciosos em defesa do rei, mas recuaram diante de uma muralha estratégica de bispos adversários suicidas. O rei, à frente da opção de salvar sua rainha e o restante de seu povo deitando-se honrosamente sobre o tabuleiro, subiu ao púlpito e jurou vingança. Num último movimento desesperado, virou o tabuleiro fazendo com que seus homens e adversários embolassem numa única estatística. Enquanto isso, o rei do oriente comemorava nas montanhas. A partida acabou sem que restasse em pé uma peça de testemunha. Pretas e brancas jaziam entre os quadrados manchados pela batalha. Só quem ganha é a guerra porque, para os reis, o jogo nunca termina.

Saiba que as coisas não são tão simples assim

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Saiba que as coisas não são tão simples assim. Um dia você está aqui, no outro não. Você acha isso simples? Pois não é. Não estar aqui é obvio que não é simples. Só em não estar cá há a hipótese de estar em qualquer outro lugar ignorado ou não estar em lugar algum; o que é muito grave. Estar aqui já configura um fato extremamente complexo. Exige matéria, consciência e testemunha. Só esses três pré-requisitos já complicam a coisa toda. Pode ser romântico, mas você não pode estar em um ambiente saudoso só em pensamento. Esquece então aquele papo cabeça de tele-transporte, sexto-sentido, etecetera e tal. Sua matéria é uma massa cansada e pesada que tem limitações existenciais: precisa estar inteira para ser considerada presente. Também não basta estar materialmente aqui. É preciso saber que está aqui. Os paralelepípedos podem ser vistos, mas não estão aqui. Nunca soube de um paralelepípedo que questionasse se sua vida seria melhor se estivesse encravado em uma avenida arborizada e não n