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Mostrando postagens de 2012

QUE VENHAM

Lentilhas, abacates, cigarras, família, amigos, lírios e damas-da-noite; Cantigas, versos, prantos, gargalhadas, chuva e a madrugada; Gatos, maré alta, ventania, lua cheia, beijo e água oxigenada; Fé, sonho, magia, desejo, coragem e muito mais café; Vírgula, til, travessão, ponto, teclado e inspiração; Mas venham logo. Tenho pressa.

TROVA RUIM PARA UM DIA QUENTE

MINHA CAIXA FOI ABDUZIDA O SOL RASGOU ABSOLUTO SOBRE A PRAIA CHEIA DE FORMIGA, MAS O MUNDO NÃO ACABOU 50 GRAUS NA MOLEIRA RUAS UMA PORQUEIRA GATOS LETÁRGICOS NA SOLEIRA, MAS O MUNDO NÃO ACABOU O CANO DO ESGOTO VAZOU A VIZINHA SURTOU COMPROMETENDO TODO O NOSSO AMOR, MAS O MUNDO NÃO ACABOU FALTAM  CIGARROS, CERVEJAS E PIRULITOS ITENS FUNDAMENTAIS A PREÇOS PROIBITIVOS SOBREVIVÊNCIA NO BAR COMPROMETIDA, MAS O MUNDO NÃO ACABOU CINZAS DE OZÔNIO OFUSCAM O AR VENTILADORES E CONDICIONADORES BUFAM ALÉRGICOS ALUCINADOS URRAM, MAS O MUNDO NÃO ACABOU A REDE CURTE E COMPARTILHA MANTIDA SEGURA NA ILHA NINGUÉM SALVA, NINGUÉM SE ARRISCA, E, MESMO ASSIM, ESTE MUNDO DE MERDA NÃO ACABOU.

Pandora Brasilis

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Por incompetência técnica dos maias ou perda de dados arqueológicos não está documentado em que horário se dará o fim do mundo. Hora de Brasília ou do México? Devemos descontar o horário de verão? Na falta de dados científicos vou eleger o meio-dia de 21/12/2012. Estão todos convidados para acompanhar o espetáculo tomando uma cervejinha no boteco da praça – é naquele pé-sujo de sempre mesmo - antes do último almoço: feijoada completa; já que cai numa sexta-feira. Até lá preciso resolver um monte de coisas. Vou comprar um cofre forte a ser enterrado no alto da floresta da Tijuca a trinta metros de profundidade. Conto com a colaboração dos amigos para a empreitada. Pago a derradeira cerveja na última sexta-feira da terra; literalmente. O projeto chama-se Pandora Brasilis e consiste em guardar todos os objetos importantes para a humanidade: sabão de coco (ninguém aguenta inhaca de sobrevivente de hecatombe), canivete multiuso suíço ( sim, suíço, não aquele de camelô ou na primeir

Nascemos vazios

        Nascemos incolores, bissexuais, ateus, apolíticos e apátridas. Ainda cedo começa a guerra. Já saímos da maternidade com um laço de fita grudado na careca, ou um crucifixo no pescoço, ou sapatinhos com o escudo do time do pai, ou enrolado num cueiro  estampado com a bandeira do país ou  o símbolo do partido, escola de samba e outras bizarrices.  No pulso direito o nome da mãe e o número do cartão de nascimento com peso, tamanho e cor da pele: preto, branco ou pardo. Pardo... Sempre me intrigou se nesse pardo está incluído o amarelo, bege, marrom, rosado, vermelho, moreno jambo, bronze, gelo. Se assim for acredito ser a humanidade 99,99% parda. E olha que nem fomos agraciados com as matizes multicoloridas dos cães e gatos. Imagino que a história da humanidade seria bem diversa desta.         Mas voltemos ao vazio. Com o bombardeio social passamos a seguir dogmas inexplicáveis, cultivamos misteriosos valores, herdamos ódios travestidos de tradição, abraçamos ideologias alhei

Caminhar é preciso e todos os caminhos levam ao mesmo lugar.

                Não por recomendação médica ou almejando perder alguns gramas pelas ruas. Caminhamos por caminhar. Varamos horas por ruas e trilhas da cidade. Subimos comunidades por vielas estreitas escoltados por valentes cães sarnentos, gatos arredios, fios caóticos cruzando nossas cabeças, crianças correndo descalças, soltando pipa na laje, mulheres estendendo roupas no varal, homens unindo tijolos para mais um cômodo. Chapéu Mangueira, Dona Marta, Cantagalo, Vidigal, cheiro de arroz refogado no alho, feijão preto com costela e carne assada na panela. O samba e o funk impulsionados pelo vento, suor e alento na vista da cidade.                 Percorremos recantos de mansões escondidas por muros altos e câmeras de segurança, jardins perfeitos, carros brilhantes com vidros escuros sugados por garagens de portões com pintura nova e nenhuma viva alma nas ruas com cheiro de nada. Pinçados na zona sul, zona norte, zona oeste. Beleza de mega-sena entre o desejo empírico e o repúdio l

Um brinde ao medo

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 Medo não é um brinde que vem amarrado com um laço de fita no nosso cordão umbilical. Nasce do acaso e vai se criando independente de maiores investimentos. Um acaso inerente à vida e cada um têm o seu. Tem gente que teme a morte e outros em não alcançá-la no tempo certo. Há os que fogem do diabo com o mesmo horror com que fogem da cruz. Há medo de buraco, escuridão, vazio e silêncio convivendo alegremente com o terror da luz da ribalta e das multidões. Tem medo de todo tipo de bicho: gato preto, malhado, gatonet e gatos sedutores; cachorrão, cachorrinho e também das cachorras da noite. Do rato, ouriço, bicho-de-pé, voando ou deitado, barata, formiga, leão da selva e do imposto de renda. Do vírus da gripe, AIDS, ebola, tatu-bola e também de bola nas costas. Há quem se borre todo de urso-panda, beija-flor e banda larga que não conecta. Tem os pânicos hospitalares, urológicos, psicológicos, psicóticos, óticos, robóticos e micóticos. Os mais complexos preferem o medo do além, além-túmu

Livros a venda

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Meus livros estão a venda no site www.editoramultifoco.com.br ou através do meu e.mail catarinacunha@gmail.com. Aproveite para comprar hoje em homenagem ao dia do escritor.
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Hoje é dia do escritor!

Adote um mundo

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        Mais do que pelos decorando sua casa e móveis exoticamente customizados por unhas talentosamente afiadas, ao ser adotado por gatos você estará entrando no fantástico universo do amor livre dos felinos.         Companheiros silenciosos possuem o dom de serem ótimos ouvintes e contempladores da vida ao redor. Assim como você, os gatos dão carinho quando, onde e para quem eles bem querem. Possuem gosto eclético: assistem qualquer programa de tevê e leem todo tipo de literatura desde que confortavelmente instalados e acariciados. Aceitam ouvir respeitosamente suas músicas preferidas e se você resolver cantar e dançar saiba que tem uma plateia atenta. Dependendo da personalidade, seu amigo escolhe algumas tarefas suas para acompanhar com afinco. Há os que, mesmo sem fome, adoram fiscalizar os trabalhos na cozinha, outros ajudam no seu desenvolvimento no computador, eventualmente deitando no teclado ou tentando mover o cursor piscando na tela. Há os que só dormem sobre seus
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Já está sendo vendido no site da Multifoco o meu segundo livro , "Pipocas no asfalto", com entregas para todo o Brasil. No mesmo site está a venda também o meu primeiro livro, "Deu vaca". http://www.editoramultifoco.com.br/literatura-loja-detalhe.php?idLivro=799&idProduto=824

Minhoca, Minhoca, me dá uma beijoca...

Beto tem uma tatuagem em caixa alta no antebraço direito escrito Luana, amor eterno. Resultado de um amor meteórico desembestado na adolescência. Antes da declaração cicatrizar, Beto já recebera um pé-na-bunda de Luana, via torpedo tipo “Você é um cara muito legal...o problema é comigo...”. Com o tempo Beto percebeu que o problema era dele, na carne e em letras garrafais. Para a primeira garota que perguntou quem era Luana, Beto, inspirado pelos olhos negros da morena emanando volúpia e ciúmes, saiu-se com essa bizarrice: “É o nome da minha falecida filha. Não gosto de falar no assunto. Dói muito.” Brilhante. Além de ninguém perguntar mais nada ainda ganhava pontos extras como homem fiel e romântico. Com o tempo foi conhecendo mulheres mais esclarecidas onde a maturidade ousa maiores questionamentos: “Morreu como? Com que idade? Como ela era? Você ainda vê a mãe?” Diante das exigências o homem viu-se criando o nascimento, vida e morte da própria filha que nunca teve. Luana nasceu lind