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Entre abutres

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O que a faz chorar mora na eternidade das horas. Que entre pela porta agora, para que a tua essência abutre desabe pela sala e aquele livro que você lhe deu, e não leu, repouse estático sobre os pedaços de ti. Que, antes de questionar qualquer “que”, vislumbre uma fêmea complicando e existência dos olhares e o pôr-do-sol que se consome na estática retina das ondas. Vem e vai, entra e vem e vai; para. Até então não há verdade, só uma mulher planando sobre teus pesadelos. E esta mulher sabe quem você é e de onde veio. Esta mulher gera luz sobre o passado e pedra a humilhação com um sorriso. Suga esse ser que verte líquidos por todas as bocas. A boca do dia soltando sopas de letrinhas ou furiosas maiúsculas, a boca da noite em sopa rubra em prestações mensais, branca de prazer ou de piscina estourada de neném. Pois que mortal é a enxurrada da boca da alma: os olhos molhados fixos em ti. Esse ser deslizante, ora fúria ora além, às vezes fora de hora, trafega entre os abutres com
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Tenho medo dos poetas e suas odes ao esquecimento Tenho medo dos intelectuais e suas caras de paisagem Tenho medo dos gênios e suas reticências Tenho medo dos saudáveis e seus pulmões rosados Tenho medo dos certinhos e suas verdades absolutas Tenho medo do amor imenso e suas mentiras Tenho medo dos grudentos e seus elogios vazios Tenho medo dos belos e suas luzes irritantes Tenho medo do sucesso e suas grades deslumbrantes Tenho medo da felicidade e suas armadilhas Tenho medo de você que me suga com seu coração Não durmo sobre meus neurônios Tenho medo de que, se eu fechar os olhos, tudo isso me consuma. (Foto Sammy Angeli)