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Mostrando postagens de novembro, 2008

Obra do tempo

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Procurou a noite inteira por todos os bares e por toda a praia. Buscou atrás da orelha e no bolso da calça. Ao meio-dia, vasculhou a geladeira a procura do amado, talvez num pote lacrado. Como isso poderia ter acontecido? Estava com ele ali nas mãos e, em um segundo...Bulucutufe!!!Sumiu! Será que deixou de prestar atenção a algum detalhe? Refez todos os caminhos, todas as falas e gestos, vasculhando jardins, banheiros e elevadores. Tentara de menos ou de mais? Quem sabe dentro de outra bolsa ou outro casaco? Nada importante desaparece assim, deve estar por aqui, pertinho... Chorou muito, descabelou-se em noites insones e dias infindáveis. Depois de algum tempo, cansou de procurar e tocou a vida. Muitos anos depois, arrumando papéis velhos numa gostosa manhã bem acompanhada, encontrou o antigo namorado esquecido na segunda gaveta da estante da sala. Olhou longamente o objeto e se perguntou por que guardara aquilo por tanto tempo. Jogou fora e continuou a limpeza.

Sinto muito

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Eu sinto tantas coisas e as coisas Se apoderam de mim sem que Minha alma se aperceba do canto mudo das horas Padeço tal febre de catapora do vento entregue ao devaneio Besta- fera sigo obstinada O caminho tropego dos poetas perdidos Pois vivo o dia que nasce para matar a noite A aniquilar a fonte que cria a água e respira A arfa da solidão em goles múltiplos Solto golfadas de ar e o vômito fica Na dor de tua ausência