Pequeno momento carioca



 Mulher! Liga essa água pelo-amor-de-Deus que eu estou todo ensaboado!
 Ih, homem... Parece que a caixa está vazia.
 Traz um balde, então.
 Nadinha.
 Do filtro. Tira do filtro que eu já estou tremendo e todo ardido nas partes.
 E eu vou cozinhar com o quê?
 E eu vou trabalhar com o cabelo duro e todo escorregando?
 Passa a minha toalha que está úmida.
 Que m@#&erd@ é esta? Um copo d’água?
 Metade para escovar os dentes e a outra para enxaguar as partes.
 E a barba?
 Faz à seco e passa álcool.
Vestiu o uniforme, pegou o engarrafamento de rotina. Descendo do ônibus pisou em titica de cachorro. Chegou ao escritório suando espuma de 40° à sombra. Correu para o banheiro para lavar o sapato e enxaguar a cara. Passou a mão no cabelo duro, olhou pela janela a baía da Guanabara rindo aos pés do Pão-de-Açucar e pensou : Que cara de sorte eu sou.

Comentários

Bela Catarina,
Li todo o blog, como há muito tempo não fazia. Que indelicadeza a minha! E que burrice também! Ler o que você escreve é alimentar a alma, é como saborear o mais doce dos manjares. TALENTO COM MAIÚSCULA - é o que você tem de sobra.
Super beijos.

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