Pandora Brasilis
Por
incompetência técnica dos maias ou perda de dados arqueológicos não está
documentado em que horário se dará o fim do mundo. Hora de Brasília ou do
México? Devemos descontar o horário de verão? Na falta de dados científicos vou
eleger o meio-dia de 21/12/2012. Estão todos convidados para acompanhar o
espetáculo tomando uma cervejinha no boteco da praça – é naquele pé-sujo de
sempre mesmo - antes do último almoço: feijoada completa; já que cai numa
sexta-feira.
Até lá preciso
resolver um monte de coisas. Vou comprar um cofre forte a ser enterrado no alto
da floresta da Tijuca a trinta metros de profundidade. Conto com a colaboração
dos amigos para a empreitada. Pago a derradeira cerveja na última sexta-feira
da terra; literalmente.
O projeto chama-se
Pandora Brasilis e consiste em guardar todos os objetos importantes para a
humanidade: sabão de coco (ninguém aguenta inhaca de sobrevivente de hecatombe),
canivete multiuso suíço ( sim, suíço, não aquele de camelô ou na primeira
limpada de unha ele se desmancha todo), dois baralhos completos (no recomeço
vai ser um saco, sem internet, sozinho), papel, caneta e clips (o clips é para
manter organizado os primeiros escritos da nova era), saca-rolha e garrafa de
vinho tinto (terapia líquida a ser envelhecida nas catacumbas do Capeta). Tenho
que colocar algo que sugira a roda para facilitar a evolução, mas de forma lúdica.
Bambolê e bola de futebol. Feito. Vou deixar apenas dois livros: os meus. Por
pura vaidade; vai que, por falta de concorrência, vire enfim o best-seller do quinto milênio. Mas será
que os novos líderes da cadeia alimentar saberão ler? Melhor deixar também
cartilha do ABC. E também uma tabuada para que não percam tempo tentando
decifrar aqueles símbolos no canto inferior das páginas. Poderia colocar também
um computador, mas temo pela ausência de eletricidade, internet, rede e vire objeto de adoração como os moais da Ilha de
Páscoa. Melhor não. Vai complicar. Bem lembrado, colocar uma rede, já que não
se inventou leito melhor. Daqui que a caixa seja aberta pode se passar
quinquilhões de anos e algumas pérolas geniais da culinária não podem se
perder: incluir caderninho com receitas originais de Feijoada de roda de samba,
Sururuzada da Cecilinha, Camarão na Moranga da tia Elce, Lasanha do Sammy,
Cozido da Marília, Salmão Gravlax do Ian, Língua ao Molho Madeira da Nelcy e,
para os momentos cult da posteridade,
o Cachorro Quente da Analu. Deixe-me ver, deixe-me ver... Ah! Lembrei,
fósforos, não posso esquecer os fósforos.
Pronto. O ser
que sobrevier do Armageddon terá
tecnologia de ponta suficiente para criar uma nova civilização com competência instrumental
para evoluir e destruir o planeta de novo. Não há motivo para tristeza, partirei
em grupo de sete bilhões. Ficarei em pó com toda a galera fertilizando o
Universo.
Comentários
Vou precisar de tudo isso também! Me convenceu!
Amei!!!
beijos
my
Adorei! Será que ainda dá tempo de colocar alguma coisa? Eu sugiro bom senso para nova era!