Zé, o porteiro de Copacabana
Embora muitos jurem que os porteiros de Copacabana foram produzidos em série misturando barro, xiquexique e água de açude nos cafundós do nordeste, Zé sabe ser único. Não pela origem humilde, a viagem no pau-de-arara e o misere inicial na cidade maravilhosa porque isso tudo é de praxe. Zé é o Zé porque sorri o tempo todo e não baixa os olhos diante de ninguém. E nunca negou serviço. Conhece o povo que entra e sai do prédio pelo nome, pelas sortes e azares de cada um. Mantém a timidez lapidada em discrição tão característica do retirante nordestino. A vida lhe foi digna e, com tempo para aposentadoria, casa ampla com laje no Pavão-Pavãozinho, filhos criados e passado apaziguado, Zé deu entrada no INSS para receber o benefício e descansar. A vista escureceu quando o atendente declarou que ele não tinha contribuição alguma e como não tinha carteira de trabalho nem contra-cheque para comprovar a história, a situação fica complicada. Enverg...