Caldo Verde



Chegou ao restaurante de estimação seco por um caldo verde. Pediu no capricho. Veio batata processada com três fiapos de couve. Virou bicho. Chamou o gerente, bateu nos peitos, exigiu explicações, desculpas e uma porção extra de couve. Não foi atendido em nada; isto é, quase nada, pois a conta chegou certinha. Sorveu o caldo de batata reclamando entre os dentes. Não houve nem um plus a mais de couve. Não pagou os dez por cento e saiu decidido a difamar o recinto gastronômico. Jurou vingança e jamais recolocar os pés naquela espelunca. Sentia-se humilhado, traído, um merda.
Escreveu uma carta mal criada para os principais jornais da cidade convocando o povo a um levante em massa contra o desrespeitoso restaurante. Sua vingança não teria limites até que as portas do estabelecimento fechassem por estar às moscas.
Quando a carta foi publicada, veio junto o pedido de desculpas do restaurante, que vai reforçar o treinamento da equipe e blá, blá, blá...e volte por nossa conta!
Todo o ódio diluiu-se numa cambuca de caldo verde gratuito.

Comentários

Anônimo disse…
Me lembrou de alguns bons conhecidos que há muito não falo por motivos de força maior. Muito bom!
Juliana Cardoso disse…
ele voltou?? nem eu nem vc voltariamos, mas gostei dele voltar! cena que eu tenho visto tanto no bar brasil e no boteco ao lado!Batata processada com fiapos de couve... : ) foi ótimo!
Anônimo disse…
eu faria a mesma coisa...a vingança é um prato que se come, ora bolas...

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