No negativo é mais gostoso

Devendo na padaria, na farmácia e no boteco, Lindinho das Beiradas, somada a ordem de despejo, começou a pensar na remota hipótese de procurar trabalho. Mas foi uma ideia que, graças ao bom Deus, passou logo quando tentou tirar no fiado cópias do currículo e o velho do armarinho fitou-o e, por cima dos óculos, pediu pagamento adiantado. Percebendo que seu crédito na praça encontrava-se sensivelmente comprometido, Lindinho não se intimidava, pedia aos amigos e familiares e pagava com eletrodomésticos velhos em troca de comida, o que na verdade não pagava nada. Depois de detonar os limites de cheque especial em três contas bancárias, partiu para o genocídio dos cartões de crédito.
Agora sim, oficialmente falido, resolveu caminhar na praia e fiscalizar o ir e vir das ondas e o planar das gaivotas. Questionou-se, pela primeira vez, como conseguira torrar toda a indenização trabalhista e ainda ficar devendo a meio mundo em apenas três meses. Para uma empreitada dessas tem que ter vocação, não é coisa para qualquer um...
O céu se iluminou, anjos cantaram, sinos repicaram, eureca!
Com a publicação de seu livro “Como falir em três meses: métodos e projetos passo a passo”, Lindinho das Beiradas fez seu pé-de-meia e, para honrar a fama, torrou tudo de novo em três meses.
Comentários
Esse Lindinho não é mole não, só falta ter conta pendurada na Casa Brasil. Pensando bem, acho que lá não iriam aceitar, não é ?
Bjs, Marília
Eu acho que esse candango vive ali nos arredores da São Salvador, esperando as famosas empadas caírem das mesas, o Antônio liberar um chopp na pendura ou, vá saber, alguma incauta solidária estender as mãos e levá-lo para casa, proporcionando-lhe casa, comida, cama lavada e afins, em troca de explosões na carne há muito não tocada.
É sério, eu me identifiquei, (in?)felizmente.
Uma queda pra quem ousa escarrar impropérios pros contribuintes de nossa nação.
Ah, mas quem se importa?!?!?!
Afinal de contas, chopps, praças, autênticos canalhas, canalhas fajutos, mulheres alucinadas, apaixonadas, desesperadas, cigarras e bitucas dos maridos delas, são ou não são o que sobrou pós-apagão?????
Ah, e a identificação rolou em função da ousadia exposta de -tentar? - viver desta maneira, quem sabe, dando invisivelmente na cara dos que insistem em encontrar a felicidade em troca de escravidão e não, sobre os dizeres cafajestes, as atitudes audaciosas ou coisas que - q absurdo - as pessoas insistem em achar.
E sobre o outro post, sim, além de vaticinar quedas, ostentar poses fajutas e adorar empadas e chopp, sou FELIZmente vascaíno..rs
E o mencionado em questão, andou falando falácias do meu humilde time. Portanto, na liberdade democrática e contemporânea dos moldes da rede de hoje - ou ambos os dois - foi apenas bala trocada, sabe? rs
Parabéns!