A felicidade em bolinhas de sabão

Jaqueline, figura saltitante importada da baixada fluminense, vive sob as marquises dos prédios nos arredores da Praça São Salvador. Raquítica, viciada, coberta de doenças de pele, carrega na barriga o fruto do amor cafajeste de outro morador de rua que, dia sim outro também, enche a cara dela de tapa. Quando acorda, lá pelo meio-dia, desfila entre os “tios” e “tias” pedindo comida e cigarro. Parece um palito amarelo com uma azeitona no meio. No fim da tarde já ganhou comida, roupas e dinheiro suficiente para trocar pelas pedras de crack dela e do macho nervoso.
Os moradores sensibilizados com a situação arranjaram um abrigo para mães solteiras, com direito a psicólogo, médico, cama limpa e comida simples, porém farta. Em troca Jaqueline teria de dividir tarefas, como fazer faxina, arrumar o quarto, cozinhar, cuidar de horta comunitária e estudar. E, o pior, ficar de cara limpa. Ninguém merece. Jaqueline é pobre, mas não é escrava para trabalhar de graça.
Voltou para a rua. Saudades. Hoje tomou banho no chafariz cantando livre e feliz.
Comentários
Bjs!
DD
É muito triste vivenciarmos cenas desse casal sem sabermos o que pode ser feito para reverter esta situação deprimente...
O texto revela uma bela reflexão!