Promessa da noite


Cheguei bombado no baile. De cara a morena me deu mole passando lentamente a ponta da língua pelos dentes unidos protegidos por lábios acolchoados. Fui lá conferir. Era tudo verdade. Ofereci latinha, ela sorriu recusando, pegou a dela e virou de um gole só deixando escorrer pelo queixo, peito, umbigo. Respirou fundo e depositou a lata vazia na minha mão. Melhor assim, não tem custo, a noite promete, comentei em segredo com minha cueca. No batidão fui me animando e me aninhando na dança da preparada. Suor no vapor, o funk bombando, a morena ondulando e eu cercando prá nenhum outro maluco se chegar.

Um beijo no cangote, mão na cintura descendo sentindo a minha paciência colhendo o prêmio. É chegada a hora do pega. Ah moleque! Puxei pela mão prum canto. Agora o menino cresce! Ela escorregou de mim e voltou para o salão saltitando, me chamando, me tinindo. Caraio, essa menina vai me fazer pular a noite inteira antes de me dar. Resisti porque o investimento era de primeira, mas lá pelas tantas achei que ela tava me zoando. Eu ficando bêbado vendo ela rodar no salão e, enfim, entreguei as armas numa cadeira de canto.

Não deu um minuto para aparecer outro Mané oferecendo latinha de cerveja para ela recusar pulando e agachando e rebolando e depois mais outro e mais outro e mais outro até o dia clarear.

Na saída do baile ainda pude identificar a morena livre e feliz voltando sozinha pelo beco com as sandálias penduradas nos ombros...

Que mulher....

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