Placas da sorte

Crônica vencedora do 1º Concurso Crônicas Cariocas 2008. Bonifácio, homem cumpridor de suas obrigações matrimoniais e de ofício, pagador de impostos e fiel súdito das leis e da ordem pública, vinha de sua pequena fazenda dirigindo seu fusquinha 74 pela BR.101 assoviando um samba de Noel. Viu a blitz e diminuiu. Encostou ao primeiro sinal da autoridade. - Bom dia, sargento! – Observando o uniforme do policial. - Documentos. - Está tudo aqui, senhor. - Ligue a lanterna, pisca-pisca, limpador de pára-brisa. - Sim, senhor. -Pneus novos? - Sim, senhor. Cuido deste fusquinha como um filho. - Extintor de incêndio? Última revisão? - Tudo aqui. Na validade. - O senhor faria um teste com o bafômetro? - Claro. Onde é que eu assopro? - Parece que está tudo bem. No entanto reparei que suas placas estão totalmente encobertas. O senhor sabe quanto custa a multa pela ocultação das placas do veículo? Uma fortuna! Falta grave. – Já balançando a cabeça e pegando o talão. Bonifácio, assustado, constatou q...